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2015 foi assim…

Em 2015, eu não me realizei profissionalmente, não saí à noite, não comi nada extraordinário, não fui a nenhum bom restaurante, já que sempre precisava economizar. Nesse ano eu praticamente não tive o aconchego do meu lar, dormi em mais de 80 camas diferentes, às vezes com calor, às vezes com frio, às vezes até com receio.

Tive opções tão diferentes de hospedagens com chuveiro em cima do vaso, vaso no chão, com música, banheiro sem pia, cozinha sem pia e até sapo no banheiro. Em 2015, eu passei boa parte do tempo tentando adivinhar o que era a comida ou procurando vontade para comer algo que nem de longe era o que eu gostava.

Neste ano, eu tive que ir milhares de vezes ao supermercado, já que nunca podia sobrar comida, uma vez que estávamos sempre mudando. Ainda neste ano, eu tive que brigar com motoristas, negociar com vendedores e abrir mão de fazer algumas coisas porque a economia brasileira quase nos esmagou.

Este ano não tive o convívio dos meus pais, dos meus amigos mais próximos e, durante um bom tempo, de gente que falasse o mesmo idioma que eu. Esse ano eu não fiz exercício, não fui ao cabeleireiro, eu tive que cuidar de mim sozinha.

Nesse ano eu nem coloquei salto, meu pé rachou até um nível inimaginável, não vesti roupas elegantes e nem fui a nenhum evento. Neste ano, eu não tive salário. Neste ano eu mal sabia que dia da semana era, qual era o mês, se era feriado ou não… pra dizer a verdade, mal sabia o horário. Perdi todos os feriados: carnaval, páscoa, independência, aniversários e comemorações. Mas, mesmo assim, esse foi o ano mais feliz da minha vida!

Minhas enxaquecas diminuíram e eu não precisei e nem fui nenhuma vez ao médico. Eu descobri outros sabores (por mais que não tenha gostado de todos), outras possibilidades, conheci muita gente maravilhosa que virou amigo do coração e também reencontrei amigos que há anos eu não via.

Muitas culturas, paisagens, cidades e países que nunca imaginei que ia conhecer e revisitei outros tantos que amo de paixão. Venci as barreiras do cansaço, da distância, da dor e muitas vezes da raiva. Fui teimosa, mas também voltei atrás.

Me reinventei, achei esperança na internet, conversei com quem eu amava e nunca me senti longe, apesar de estar a milhares de quilômetros de distância do Brasil. Vi que nosso país tem coisas boas, mas de longe precisa melhorar muito e vi que a gente sempre pode fazer algo e não só reclamar.

Mesmo sem exercício físico, tive um ano saudável nadando, correndo e caminhando, levando peso, subindo e descendo escadas, ou em barcos, ou remando em um caiaque. Tive o ano novo mais louco de três dias, do ano de 2558 na Tailândia. Vi os 40 anos do fim da guerra do Vietnã, vivi duas vezes o mesmo dia, saí em Praga e era feriado e nem sei o que foi.

É, 2015, você vai ser lembrado por muita gente que vai torcer o nariz, mas pra mim você foi o melhor ano da minha vida! Eu vivi em um só ano o que nunca achei que viveria em uma vida inteira! Já vou lhe dando tchau, 2015, e saiba que eu nunca vou te esquecer e que você ficará pra sempre na minha memória!

Tatiane Antonovz, 2015!