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Furadas e perrengues

Acreditamos que muita gente acaba não falando, mas com certeza sempre existe algum passeio, cidade ou até mesmo país que as pessoas não gostam, mas devo falar ou não? Lembramos que aqui é um ponto de vista nosso e que isso pode não ser aplicado e talvez não deva ser generalizado. Pode ser que a gente tenha dado azar ou talvez não fomos na estação certa do ano, mas algumas coisas na viagem deixaram a desejar, então vamos lá:

Austrália – Barreira de corais: assim como tudo na Austrália, o passeio é bem caro. Até aí, tudo bem, mas o problema mesmo foi o passeio em si. O mar estava super agitado e frio, além do perigo eminente de águas vivas (em outros passeios em mar aberto isso não aconteceu). Na nossa primeira tentativa de ver os corais, nada feito, pois a correnteza era tão forte que nos levou para longe do barco e fomos resgatados pelo pessoal do barco, que aliás, não ficou lá muito feliz. Na segunda, tivemos que ser rebocados por um dos membros do barco com uma boia e mesmo assim, não conseguimos ver lá grande coisa, nada de corais super coloridos ou peixes, poucos corais e quase nenhum bicho. Como dissemos, talvez não foi o melhor lugar, o tempo não estava bom, e nós não ficamos felizes.

Fomos literalmente arrastados na Barreira de Corais

Fomos literalmente arrastados na Barreira de Corais

Em tempo: o passeio era muito bem organizado, tivemos várias refeições e uma das guias insistiu bastante para que voltássemos para água depois da primeira tentativa frustrada. Assim, quem sabe, num outro dia, num outro ponto, o passeio não seja legal?

Nova Zelândia – Queenstown: a cidade é considerada a Meca dos esportes radicais e por radicais entenda malucos, insanos e caros. Assim como a Austrália, a Nova Zelândia é um pais bem caro e, por consequência, as atividades são caras. Assim, pular de paraquedas ou ainda andar em carrinhos de rolimã morro abaixo pode, facilmente, custar trezentos ou quatrocentos reais. Nós, que não somos muito chegados em esportes radicais e não estamos com um orçamento folgado para coisas não rotineiras, ficamos por vários dias sem muita opção do que fazer.

E o que tem de bom? Achamos um lugar chamado Onsen Pools, que tinha um visual deslumbrante, com piscinas termais e individuais. Além disso, o teto era retrátil e a gente podia ver as montanhas da região. Gostamos tanto que fomos duas vezes!

Vietnã – Sleep bus: como não sabíamos o que nos esperava, não escolhemos lugar e fomos na sorte. O problema é que os ônibus para dormir do Vietnã, que têm camas e não cadeiras reclináveis, são adequados aos vietnamitas, ou seja, são super pequenininhos. Por azar, pegamos uma das camas na frente e essa era bem menor que as outras, ou seja, em uma viagem de mais ou menos dez horas, ficamos encolhidos no ônibus, sem dormir direito e ainda com dores. Além disso, as paradas no Vietnã são em locais totalmente no meio do nada. Em uma delas, havia um rato morto, vários cãezinhos sonolentos que quase foram pisados e, pra terminar o perrengue, vaso no chão e, é claro, sem direito a papel higiênico!

Três fileiras, dois andares de camas

Três fileiras, dois andares de camas

O que salva? Esta viagem, em específico, foi de Ho Chi Min para Nha Trang, que foi uma das cidades que mais gostamos de visitar, com praia super gostosa e preços em conta!

Camboja: o Camboja merece um destaque especial para coisas que não gostamos. Novamente, isso reflete nossa experiência e pode não ser uma realidade a todos que visitam o país.

  • Cruzar a fronteira do Vietnã para o Camboja até não é complicado, se… e somente se você, voluntariamente, pagar US$5,00 de “suborno” ao pessoal da fronteira. Bem, caso você não pague, até pode fazer sozinho, caminhado num calor de mais de 35 graus e com umidade nas alturas! E aí, vai encarar?
  • Entrando no Camboja, as estradas basicamente são de terra e os motoristas dividem espaço com pessoas, animais e o que mais existir, ultrapassando pela direita, esquerda, pelo meio e até por cima, se for possível. Prepare-se!
  • A moeda oficial é o Riel, mas tudo lhe será cobrado em dólares. Cabe a você arranjar moeda local, esconder vários pequenos valores no bolso e driblar o pessoal que tentará de todo forma lhe arrancar dinheiro. Um refrigerante pode custar US$1,00, ou seja, mais ou menos 3,25 reais ou ainda 1.000 rieis ou mais ou menos US$0,25 (se você tiver moeda local e não mostrar mais nada a eles). Infelizmente, nós passamos muito por isso. Aliás, todos os cardápios e lugares para turista estão em dólar, o que definitivamente encarece a viagem.
  • Phnom Penh é onde, no ano de 1975, houve um massacre de milhões de pessoas e isso é vendido hoje como uma “Disney mórbida” em que os pilotos de tuk tuk insistem em te levar para que você veja as valas coletivas, bem como salas de tortura. Não dá pra explicar a sensação da banalização de um ocorrido tão recente e grave da história de um país. Triste também é andar pela cidade e ver os mutilados pelas bombas terrestres que ainda estão lá: são crianças, adultos e muitos idosos… muito triste.
  • Viajar de Phnom Penh até Siem Reap é outra prova de coragem e paciência e, talvez, em nosso caso foi a maior furada da viagem até o presente momento. O ônibus, lotado, sem ar condicionado que atravessa o país por estradas cheias de uma poeira vermelha. Nele, se amontoam várias pessoas no mesmo banco, algumas passam mal, outras vomitam (outras comem durante a parada e vomitam de novo)… somado a isso, paramos em algum lugar de beira de estrada que, é claro, cobrava tudo em dólar. Foi um perrengue e tanto.
  • E a fronteira com a Tailândia? Outro perrengue cambojano de dar gosto. Resolvemos, para nossa comodidade, ir em uma van, com a esperança de que o ar funcionasse. Sim, ele funcionava, mas na van, que estava totalmente lotada (inclusive nos bancos da frente) ainda tinha que comportar as malas de todo mundo, ou seja, eram pessoas demais, malas demais e espaço de menos. Umas 5 horas de sacolejo adentro do país, chega-se na fronteira que não tem suborno, pois a Tailândia não exige visto para brasileiros, mas engana-se quem pensa que é fácil: a motorista da van simplesmente te manda descer e pegar suas malas e passar pela imigração do Camboja: primeiro para dar saída do país, o que ocorre num calor de uns 39 graus e, é claro, com umidade nas alturas, embaixo de algumas telhas de amianto, o que multiplica o calor por 1.000. Depois disso, sem informação nenhuma, você é obrigado a caminhar por quase um quilômetro até a imigração de entrada na Tailândia, que fica no segundo andar de um prédio (lembrando que você está suado, cansado e com todas as suas malas). Depois de enfrentar isso, você caminha desnorteado pelo sol por mais alguns metros e alguém te acha e você espera, porque além de tudo, a mão na Tailândia é inglesa, diferente do Camboja e você precisará trocar de van, ou seja, mais gente socada e mais malas pra todo lado: um sufoco só!

O que se salva? Vale a pena visitar o Camboja pra entender um pouco mais da história recente do mundo. Além disso, o complexo de Angkor Wat é uma das obras mais impressionantes que se tem notícia e o passeio, apesar de exigir muito fisicamente daqueles que o fazem no verão, vale todo perrengue sofrido. Apesar dos avisos para não se tomar nada gelado, no Camboja é possível aproveitar os sucos misturados com leite condensado, é claro, pagando US$1! Existe um cinema privado em Siem Reap, em que você escolhe o filme e a sala é só sua! Nós adoramos e assistimos um filme que explica um pouco de como foi o massacre que houve no país.

Nem parece de verdade. Angkow Wat parece uma pintura

Nem parece de verdade. Angkow Wat parece uma pintura

Época das monções: quase todos os países daquela região da Ásia são afetados, alguns bem seriamente pelas monções, que é a época de chuvas. Contrariando e também acreditando em alguns posts da internet, o nosso perrengue começou em Bangcoc com direito a 2 dias de chuvas pesadas. Indo para o Sri Lanka (havíamos pesquisado antes se dava pra ir ou não), em nossa primeira passagem, todos os dias nós tínhamos, pelo menos uma grande “pancada de chuva”, era mais ou menos do meio para o final de maio. Dali, seguimos para as Maldivas e lá passamos por um mar super agitado no primeiro dia, por alguns dias de alternância entre chuvas e longos períodos de sol, mas quando junho chegou parecia um dilúvio, chuva o dia inteiro e bem pesada, ou seja, não dá pra ir. Voltando ao Sri Lanka, parecia uma inundação. Em 2 dias, choveu sem parar durante o dia e a noite e ficamos nós no meio do barro e muitas e muitas rãs. Leve a sério a época das monções!

O que vale a pena? Dos 10 dias nas Maldivas, apenas 2 foram totalmente perdidos. Nos outros, até deu pra pegar uma prainha. Na Malásia, que também é afetada, estávamos um pouco com medo de ir para as Ilhas Perhetian por causa das monções, mas vale muito a pena, mesmo nessa época. Não houve um dia sem sol e foi um dos melhores lugares que visitamos.

Turquia: a Turquia, apesar de linda, tem seus perrengues. Como um dos viajantes tem dificuldades de locomoção ou ainda para alguma pessoa idosa, as ruas de Istambul são bem complicadas. Elas são muito apertadas, em alguns lugares você precisa esperar o “tram” passar para poder caminhar em segurança. Além disso, existem ladeiras inclinadíssimas e feitas de pedra: uma oportunidade perfeita pra cair e/ou torcer o pé. O transporte público é caro, os trechos todos custam 4 liras (quase US$2), independentemente da distância. Assim, se você faz uma ou dez paradas, paga o mesmo: a solução, enfrentar os caminhos tortuosos e caminhar, às vezes 5 ou 6 quilômetros por dia. Outro problema é que ninguém fala inglês e quase não existem placas de rua ou identificação de metrô, por exemplo. Boa parte do nosso tempo, passamos perdidos ou tentando caminhar sem ser atropelados ou sem cair e rolar ladeira abaixo. Demos um azar também no hotel 2 dias, alternado sem energia e sem internet e, em algumas horas, sem os dois.

Em tempo: os turcos recebem muitos brasileiros e adoram quando você fala que é do Brasil (não se anime com isso e não deixe de pedir descontos), mas os preços, geralmente são bons, tanto para comida quanto para artesanato. Se você ficar em Sultanahmet (bairro que escolhemos), você poderá, aliando exercício físico, visitar boa parte dos pontos turísticos a pé. Sim, é uma vantagem: você economiza e ainda ganha saúde!

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