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Iniciando as reflexões

Uma viagem de volta ao mundo é um paradoxo total, difícil de explicar e difícil de assimilar. Vamos em pequenos tópicos explicando nossas percepções.

Vamos começar pelas malas. Ah as malas… Todo mundo pensa, em um primeiro momento, como você vai conseguir levar roupa pra um ano. Simples, você não vai conseguir! Se comparada a uma viagem dita “normal”, uma volta ao mundo te permite levar, ou pelo menos, te recomenda levar roupa pra uma semana… Sim, só isso. E por quê? Porque à medida que as roupas vão sendo usadas, você terá que lavá-las.

Ao contrário de uma viagem de férias, é comum ficar mais tempo nos lugares, muitas vezes até se integrar à vida local e isso inclui lavar roupas. Além disso, você, por várias razões, já não pode e nem se dará ao luxo de ir a eventos, lugares que necessitem roupas mais sofisticas e nem vai se importar com tendências da moda, não mesmo. Você vai andar de chinelo, de roupa que não combina, ou vai arrumar o máximo de combinações com três ou quatro peças diferentes… chamam isso de desapego total! No nosso caso, devemos admitir que foi um pouco mais tranquilo, pois decidimos seguir o verão: nossa viagem é baseada no calor, sol e praia, então nossa mala foi facilmente arrumada com um monte de sungas, biquínis e roupas bem leves.

Falando em desapego, ele é um constante em textos e na vida de quem decide fazer uma viagem dessa e o mais curioso é que inclui o desapego ao dinheiro. Mas não é preciso dinheiro pra uma viagem dessa? Claro, não há como dizer que não, dinheiro pras passagens, dinheiro pra comer e, em alguns casos, pra se hospedar. A quantidade depende do estilo que cada um decidiu para sua viagem, já que a hospedagem, hoje em dia, está cada vez mais acessível, mas novamente vem a questão de não se importar nem onde nem com quem. Você ficaria hospedado de graça na casa de alguém estranho? Você compartilharia um quarto? Um banheiro? Dormiria sentado em um aeroporto? É preciso responder SIM a todas essas perguntas para que você possa, na maioria dos casos, dar uma volta ao mundo.

Outra questão bem forte é a parte alimentar. É preciso quebrar paradigmas, pelo menos para a maioria das pessoas. Nós já não temos preconceito alimentar algum… Não posso dizer que nos quase 30 países visitados que algumas coisas não nos causaram repulsa: comida suja, comida estranha, comida com cheiro ruim. Mas, se você é daqueles que pensa: não posso viver sem feijão com arroz, aí há um problema a ser resolvido pra uma volta ao mundo.

Outro aspecto pra quem quer viver mesmo a sua volta ao mundo é abrir mão do famoso Mc Donald’s. Nós raramente, quase nunca, comemos. E por quê? Porque mesmo antes dessa viagem já queríamos nos acostumar com os cheiros, sabores e cores das comidas por aí. Já comemos de tudo, provamos de comida de restaurante chique, passando por comida feita por nós mesmos, à comida de rua, e hoje podemos dizer: estamos preparados pro que der e vier. Aqui entra uma parte de adaptação: é preciso provar, gostar, se adaptar, pois uma viagem dessa não pode ser prejudicada por um aspecto, em nossa opinião, tão simples e básico de nossa vida: comer.

Acho que, para refletir, nesse comecinho, outro tópico se faz extremamente necessário: a tecnologia. Será que é possível viver sem celular? Usar internet de vez em quando? Como é a comunicação com sua família? Bem, em nosso caso, o celular foi o tópico mais fácil de ser resolvido. Nenhum de nós dois tinha apego excessivo pelo aparelho, de ficar olhando de segundo em segundo, trocando mensagens ou recebendo ligações… pra dizer a verdade, nem gerou preocupação. Mas a internet? Bem, aí é bem complicado, pois todos nós hoje em dia somos quase que dependentes dessa tecnologia. Claro!! Pra postar no blog, pra atualizar o face, pra falar com a família. É aí que a viagem se torna definitivamente um paradoxo, até porque, foi só por causa da internet que a gente conseguiu organizar toda a viagem e saber onde queria ou não queria ir. Nesse ponto é muito mais uma questão de se adaptar, novamente.

Quando viajamos a primeira vez em 2004 para a Nova Zelândia, não tínhamos laptop, registramos tudo em um caderninho de anotações. Sério!!! Isso foi possível 10 anos atrás. No Brasil, a internet ainda era tímida e com o fuso de 15 horas a mais era difícil até ligar pro Brasil, fora o preço… esse era triste. Hoje, toda essa tecnologia maravilhosa nos aproxima dos que amamos, nos permite mostrar onde estamos, mas é preciso que nos desapeguemos, pois agora já não será mais necessário “viajar pela internet” e nem podemos ficar horas enfurnados na frente de um computador, pois teremos tudo o que já pesquisamos e desejamos ver bem na nossa frente: elefantes no Sri Lanka, as ondas do Havaí, a confusão e o misticismo da Índia, a velocidade do trem bala, a imensidão da Muralha da China e todas as outras sensações que só a internet nos permitiu imaginar. Afinal de contas, serão mais de 40 países!

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