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Viajar é fácil?

Sinais de que você está viajando muito ou está muito tempo fora de casa

Esses dias, me peguei preenchendo um cadastro de um website do Brasil e fiquei injuriada com o fato de que ele não aceitava o telefone inserido. O que estava errado? De tanto tempo fora ou ainda de tanto viajar, eu estava colocando o código do país antes do número e o campo do website pedia só o código da cidade, é claro, pois era um website brasileiro… Essa e mais algumas outras coisas já aconteceram conosco. Dá uma olhada:

  • Você nunca sabe que dia da semana é e nem que horas são: a maior parte do tempo, não sabemos a hora do local onde estamos e nem a hora do Brasil, é uma zona! O dia da semana então, quando se viaja muito ou a longo prazo deixa de ser sua prioridade. Você vive de “sábados e domingos”. Claro que ficar tão alheio rende alguns problemas, como museus ou mercados fechados, então, de vez em quando, é bom saber o dia da semana. O problema de não se saber a hora do Brasil também é ruim, pois às vezes você liga, sem querer, no meio da madrugada e mata todo mundo de susto… mas calma, você só se esqueceu do fuso!
  • Você não sabe das notícias: quando ligamos pro Brasil, o pessoal pergunta se vimos aquela enchente ou aquele protesto. Não, a gente não viu! Quando você está fora, você ou não quer ou nem tem tempo pra ver as “últimas do país”. É claro que, de vez em quando, damos uma olhadinha pra ver se tudo ainda está em pé pelo Brasil, mas normalmente não ficamos sabendo de nada.
  • O passaporte aparece mais: não é que você seja metido, mas como é o documento internacional de identificação e você acaba andando com ele, é natural que ele apareça mais. Pra algumas compras fora do Brasil, ele é exigido, mas às vezes, você está fora ou já viajou tanto que até quando não te pedem você mostra o dito cujo.
  • Você passa a se preocupar com feriados, dias santos e acontecimentos de onde você está: durante nossa volta ao mundo, pegamos o Ano Novo Tailandês, onde todo mundo se molha o dia inteiro em guerras com pistolas de água; pegamos a comemoração de 40 anos do final da Guerra do Vietnã, é claro no Vietnã; e durante o Ramadã, período de jejum durante o dia para os muçulmanos, a gente estava em um país islâmico: a Turquia. Durante todos esses eventos, sempre tivemos que saber o que fazer ou ainda o que não fazer, então é bom ficar ligado na sua viagem com esses acontecimentos. Em Praga, na República Tcheca, saímos para almoçar em um restaurante, mas ele estava fechado e não sabíamos que era feriado naquele dia. Também já marcamos de encontrar um amigo num domingo, mas era o dia após o horário de verão e chegamos adiantados, voltamos achando que ele tinha furado conosco, mas o relógio tinha sido atrasado. Acontece…
  • Você esquece dos feriados, datas comemorativas e acontecimentos do seu próprio país: durante o Carnaval, estávamos na Polinésia Francesa e quando ligávamos no Brasil, todo mundo perguntava: e aí, tá vendo as escolas de samba? Não, né?! Ou ainda na Páscoa, quando estávamos no Japão, que é um país budista e não comemora a data, nem um chocolatinho rolou! Mas esse problema é bacana para feriados com diferentes datas no mundo e no Brasil. Se você estiver fora em fevereiro pode comemorar o dia dos namorados e depois de novo, em junho: foi o que fizemos!
  • Você passa a “gostar” de esportes locais: uma vez, fomos aos Estados Unidos e fomos ver um jogo de beisebol. De repente, todo mundo se levantou e começou a se despedir e a gente ali, esperando a próxima jogada. Sim, você pode até ver, mas não irá entender nada! Quando estávamos na Nova Zelândia, estava acontecendo a Copa do Mundo de Criquet que é como um “bets” ou “taco”, mas profissional. Nos pegamos torcendo e até acompanhando alguns jogos. Quando estávamos na Malásia, estavam acontecendo na vizinha Cingapura os “Sea Games”, que traduzindo eram pra ser os “Jogos do Mar”, mas estes congregam países sem mar e esportes sem água e lá estávamos nós torcendo pela Malásia no badminton, que é tipo um jogo de peteca. A peteca, aliás, encheu nossos olhos no Vietnã, onde todo mundo joga a danadinha nas ruas mesmo!
  • Você passa a se preocupar em entender a religião e os costumes locais: De repente você vira um especialista em se vestir para agradar a budistas: joelhos e ombros sempre escondidos. Aí, você se esmera pra agradar os muçulmanos: braços e pernas cobertos e isso tudo, às vezes, em um calor de mais de 40 graus Celsius. Assim, você passa a tentar descobrir como ser respeitoso e não morrer cozido dentro de suas roupas!
  • Você fica super atento quando houve alguém falando português: depois de um tempo fora de casa, você fica mais “sensível” ao português e até com uma pontinha de vontade de falar. Na última vez, estávamos numa van quando o pessoal começou um português bem estranho e eram todos de Portugal. Eles estavam falando entre eles português, mas com todos da van em inglês. Depois que nos “descobrimos”, foi só português pra todo lado! E quando alguém te dá um “muito obrigado” ou um “tchau” mesmo meio errados? Você se derrete em sorrisos!
  • Aliás, você nunca sabe em que idioma deve falar com as pessoas. Em nosso caso, usamos muito o espanhol e o inglês. Mesmo quando conhecemos alguém que entende português, achamos estranho usar nossa língua materna. Já nos pegamos falando inglês com brasileiros e é bem engraçado! Às vezes, é comum você saber o nome de algo em inglês e não lembrar em português, tudo muito louco.
  • Você incorpora muitas coisas locais ao seu dia-a-dia: passamos a usar óleo de côco no cabelo (costume da Tailândia); na Turquia, passamos a consumir o ayran (iogurte com água e sal); no Vietnã, usamos máscara (todo mundo usa pra não se queimar); no Camboja, compramos muito doce de cana de açúcar (tipo uma rapadura), e até toleramos um pouco de pimenta, pois na Ásia inteira ela é muito apreciada, ou seja, sempre é preciso se adaptar.
  • Você fica meio destemido: nós fizemos snorkel em alto mar na Austrália (no mesmo dia um surfista foi morto por um tubarão); nos equilibramos na ponta de um barco na Nova Zelândia para ver os golfinhos; fizemos standup e knee padle no Taiti; mergulhamos à noite na Tailândia pra ver o plâncton luminoso, sim estava um breu e, sim, vimos os pequenos pontos brilhantes; andamos horas e horas em barcos e barquinhos, principalmente na Tailândia, pulando de um barco para o outro sem nenhuma cerimônia; enfrentamos uma tempestade no meio do mar na Malásia; brigamos com taxistas e motoristas de tuk tuk (depois de chegarmos no destino, é claro); andamos de balão na Capadócia.
  • Além desses, já passamos pela fase de chamar o hotel de casa: “quando eu voltar lá pra casa, quer dizer, lá pro meu quarto”; também já ficamos felizes de ver a bandeira do Brasil ou ainda produtinhos do Brasil como vimos na Nova Zelândia: os produtos iam desde guaraná até marmelada (alguém ainda come isso?); ou quando, depois de muitos meses sem comer carne, achamos uma churrascaria brasileira na Malásia; esquecemos de perguntar se o filme era em inglês no Vietnã e na Malásia e, por sorte, era, mas com legendas (inúteis pra nós) em vietnamina e bahasa malaio. Sim, você tem que se virar e dar um jeito de entender.
  • Você consegue cozinhar/fazer um lanche com pouquíssimos apetrechos: me dê duas panelas, um fogareiro e eu farei um banquete. Sim, vida de mochileiro é assim mesmo, a arte do improviso!

E você já passou por alguma dessas? Se tiver, conta aí pra gente!