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O México é bem mais do que muita gente imagina

Quando saímos do Brasil, nossa intenção, enquanto na California e em Nevada, era apenas visitar Los Angeles (a primeira terra estrangeira pisada pelo Tell me about Brasil), Las Vegas e San Francisco. Tínhamos onde dormir em casas de amigos em Los Angeles e Las Vegas. Chegamos em um domingo (18 de janeiro de 2015) no início da manhã em LAX (o aeroporto de Los Angeles) vindos de São Paulo. Embora fosse inverno, o tempo estava relativamente bom, o que nos permitiu deixar as jaquetas dentro das mochilas.

Paramos para almoçar em Inglewood no caminho para Walnut (cidade de nossos amigos Jorge e Irma) e chegamos na casa deles por volta das 2 da tarde do dia 18. Gastamos a tarde para tomar banho, por a conversa de um ano em dia e esperar o horário de ir jantar.

A cena foi em um restaurante típico mexicano na região de Walnut, próximo a Los Angeles. Fomos a um restaurante mexicano que tinha mariachis tocando e cantando, um encanto só. Quando souberam que éramos brasileiros, começaram a cantar músicas brasileiras em ritmo mariachi e a gritar: VIVA BRASIL! O vídeo está aqui. Foi muito bacana presenciar tudo isso. O jantar foi maravilhoso, com boa comida e companhia melhor ainda: nossos anfitriões mexicanos/americanos na região de Los Angeles.

Mariachis ao fundo

 Depois dessa noite de música mexicana e brasileira, gastamos 4 dias em Las Vegas e voltamos para LA. Chegando lá, já havíamos decidido trocar San Francisco por um dia em Tijuana, no México, atravessando a fronteira por terra via San Diego, mais ou menos a duas horas de Los Angeles.

O dia no México começou bem. Chegamos em Tijuana, atravessamos a fronteira com tranquilidade (para o lado mexicano, sempre é mais tranquilo) e seguimos para o centro de Tijuana.

Fronteira terrestre na California

Fronteira terrestre na California

Como em qualquer cidade de fronteira, há muitas pessoas que vivem do turismo eventual, o que faz os preços serem baseados em dólar americano ou pesos mexicanos (14 para cada dólar).

Cotação atual do peso mexicano

Como fomos com Jorge e Irma, o casal de mexicanos que vivem em LA desde os anos 1980, já tivemos todo o stress de saber os lugares exatos de visitar retirado de nossas costas, pois eles conhecem tudo. Começamos a dar voltas pelo centro de Tijuana, compramos umas coisas para os cachorros deles e seguimos para o centro.

Exatamente neste momento, começa a aventura mexicana. Você já viu o filme Babel? Se não viu, eu te explico: é um filme em que umas pessoas ficam presas no México sem poder voltar para os EUA, embora possuam documentos hábeis para tal. Nossa situação foi parecida com essa. O carro em que estávamos começou a apresentar superaquecimento, o que fez com que nos obrigássemos a parar no meio da cidade, em frente a uma farmácia de um conhecido deles, para verificar o que acontecia.

A espera de um milagre

 O carro já pertence à família desde 2002 e está como novo, mas ficou muito tempo sem ser usado. Talvez por isso gerou este superaquecimento inesperado. Em menos de 5 minutos parados, com o motor à mostra e o alerta ligado, foram aproximadamente 5 mecânicos e 152.839.604 curiosos para olhar o que tinha o carro. Era domingo e o carro virou meio que a atração da cidade. Depois de alguns minutos, Irma ligou para os EUA e pediu para que a filha nos resgatasse de volta para os Yankees, uma viagem de mais de 2 horas e fomos a um Autozone para comprar líquido para o radiador, pois lá estava o problema.

Quando chegamos lá, como eu disse que pagava para Jorge, verificamos os preços dos líquidos e estavam em torno de $100. Quase surtei quando vi os preços, mas havia esquecido que estava no México e que os preços lá eram todos 14 vezes mais elevados que os em dólar. 🙂 Fiquei feliz e paguei tudo, além da corrida de táxi de e para o local em que estava o carro. Tudo saiu US25, uma verdadeira bagatela. Quando voltamos, já estavam 8 mecânicos debruçados no motor da van e 357 curiosos oferecendo desde ajuda, passando por solidariedade até comida para Irma e Tatiane, que ficaram junto à van para garantir que ninguém levasse nada embora.

Trocamos o líquido todo o radiador e pareceu que tudo estava bem. Chegamos até a ligar para Wendy na California para abortar o resgate que seria feito em algumas horas, pois o ponteiro da temperatura estava bem no meio, o que era algo muito bom e dava relativa tranquilidade, já que o voo para o Havaí partiria na segunda às 8 da manhã.

Como sempre, para pobre, a felicidade dura pouco. O ponteiro da temperatura começou a subir e subir e subir e em alguns minutos estava tudo fervendo novamente. Outra ligação para Wendy, agora para que viesse a Tijuana para nos resgatar, foi necessária. O taxista virou nosso melhor amigo e disse que esperaria para que finalizássemos tudo com o amigo da farmácia, que ficaria com a van até o dia seguinte estacionada próximo a sua farmácia, deixaria em uma oficina mecânica para conserto e Irma voltaria com seu filho mais velho para buscá-la. Esqueci de citar que a primeira corrida, de ida e volta ao Autozone para a compra do líquido do radiador, de uns 5km, foi uns 5 dólares.

Com o melhor amigo sendo um taxista (que depois descobriríamos que tinha sido deportado dos EUA 13 anos atrás por vender drogas), ficou tudo mais fácil, pois ele nos levou para o restaurante dos Arcos, que fica em Tijuana e é praticamente um ponto turístico a parte.

Jorge, mais que depressa, comentou com a hostess (sem ela saber que era mentirinha) que era meu aniversário. Com isso, eles prepararam toda uma minifesta para mim. Comemos vários pratos saborosíssimos a preços muito módicos (a conta para 4 deu US$65 já com a gorjeta). No fim, tive bolo de aniversário, tequila com víbora e festinha privada. Tudo isso sem os coitados dos mexicanos saberem que era mentira. Pois comprei que era meu aniversário e caí na festa. Afinal de contas, quando você terá oportunidade de tomar a tequila original, com uma víbora dentro do galão, de graça, e ainda com os mexicanos comemorando o seu “cumpleaños”? Perfeito! Só tenho a agradecer a Jorge e Irma por isso.

Bohemia mexicana, muito boa!

Comida, comida e mais comida

Víbora no galão de tequila

Olha ela aí!!!

Erraram meu nome, mas tá valendo!

Até a Tati ganhou presente

O “aniversariante” também ganhou presente, claro

 Quando saímos do restaurante, o nosso taxista ex-traficante deportado estava nos esperando bem na entrada, o que nos alegrou muito, pois Wendy já estava chegando com seu namorado para nos resgatar do dia inesperado em Tijuana. Tivemos cerca de 1,5 hora andando pelo centro de Tijuana, vendo o comércio, as pessoas andando, comprando, comendo, etc. É incrível como o México é semelhante ao Brasil.

Típico

Típico

Alto lá!

 Se você possui, em sua cidade, vendedores de rua com comidas à mostra, você tem uma imagem idêntica a que se encontra no México. As pessoas são extremamente simples, fazem de tudo para conseguirem um “taquito” e bajulam o turista ao máximo. Aqueles burrinhos mexicanos que posam para foto com as pessoas são comuns no centro de Tijuana. Já ia me esquecendo, mas quando o garçom do restaurante dos Arcos soube que éramos brasileiros, fez questão de dizer que o Ronaldinho Gaúcho já esteve lá e que foi muito simpático com todos.

Eu sou flamenguista e gostei quando o Gaúcho jogou no Flamengo, mas fiquei muito mais fã do cara agora, pois está jogando no Querétano (Hã??!!), um time secundário do México, tipo um Botafogo… e viaja o país inteiro só aproveitando tudo o que há de melhor. Se um dia eu me encontrasse com o Ronaldinho Gaúdo, eu o diria: você é o cara, pois é muito querido em todo lugar que vai!!!

Bom, do centro de Tijuana, fomos resgatados por Wendy e Edgar, seu namorado, e fomos para Rosarito e Puerto Nuevo e jantamos lagosta neste último lugar, bem próximo a Ensenada, todos balneários na parte norte do México.

Esta ficou pouco real haha

Esta ficou pouco real haha

Jorge e Wendy

Jorge e Wendy com o namorado dela, além de Tati

Todos só na lagosta! Riquísima!

Todos só na lagosta! Riquísima!

Todos lugares muito humildes e simples, como aquelas cidades litorâneas que encontramos no litoral do nordeste brasileiro e nas cidades menores de Santa Catarina, entre São Francisco do Sul e Floripa, exceto Balneário Camboriú, é claro!

As pessoas eram muito cálidas e atenciosas, carentes de quase tudo e sedentas por um turista mais desapegado e desatento. Isso é a cara do México, como é a cara do Brasil e das suas cidades de interior. Não podemos julgar a ninguém, pois as realidades são muito distintas, embora pobres.

Na volta, passamos por Tijuana novamente, só que à noite e fomos para “la linea”, ou a fila em espanhol. Essa é a fila para entrar de volta nos EUA. Estávamos em 6 no carro e demoramos cerca de uma hora esperando, embora tivéssemos um passe que nos garantiria o acesso mais rápido à fronteira.

Dura na migra!

Dura na migra!

Demorou um bocado e, enquanto esperávamos, havia todo tipo de vendedor: que vendia cachorro mexicano, sorvete, taco, burrito, artesanato, medicamentos (que nos EUA são controlados), água, refrigerante, bicho de pelúcia e, se pedíssemos comida japonesa, por exemplo, acho que em 5 minutos estava em nossa mão, pois eles tinham de tudo!!!

Atravessamos a fronteira e chegamos em Walnut cerca de 2 horas depois, cansados, mas muito satisfeitos, pois fomos recebidos pelos mexicanos que, assim como os Brasileiros, muito carentes de tudo, sempre recebem os turistas de braços abertos, com uma certa dose de carência misturada com malandragem, desejos de boa viagem e que sempre voltem logo para visitá-los novamente.

O que sentimos ao deixar o México? Sem brincadeira, vontade de chorar, tamanho foi o carinho que tivemos naquelas terras. Embora tivéssemos o carro quebrado no meio do caminho, caracterizando-se em algo completamente inesperado, as lembranças que tivemos do México são as melhores possíveis e, com certeza, voltaremos a este país quente, com pessoas atenciosas e cálidas para passar mais tempo, pois este foi, definitivamente, apenas um aperitivo apimentado, é claro, como tudo no México, do que se pode encontrar por las tierras de los muchachos!

Arriba, muchado, ándale, pues!!!! Muchísimas gracias, mexicanos, por todo, y hasta lluego, seguro! Volveremos ahí!!! 😀

2 comentários

  1. Amigos, só uma perguntinha: por todos os lugares que passarem pretendem comemorar o aniversário?!!!

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